¹Marcos Paulo Carvalho Lima
Todo tipo de manifestação, seja ela
religiosa ou artística, merece atenção por representar algum tipo de cultura,
sobretudo, identificando um povo e/ou uma localidade.
A quadrilha junina, matuta ou caipira
é uma manifestação da cultura popular tradicional, oriunda da cultura europeia,
são danças típicas das festas juninas, dançada principalmente, na região Nordeste
do Brasil.
Sua origem é de danças populares antigas
de áreas rurais da França e da Inglaterra. No Brasil, foi inserida precisamente
no Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XIX, provavelmente pela
elite imperial. Durante o período Império, a quadrilha era uma das danças mais cobiçadas
para abrir os bailes da Corte, se tornando popular e atingindo os locais de
festas e animações do povo, onde as danças eram adaptadas para a cultura local,
dando-lhe novas características e nomes regionais.
Nos dias atuais existem
quadrilhas estilizadas que se apresentam como uma nova forma de expressão
junina. Os grupos se organizam com novos perfis, diferentes dos formatos das
quadrilhas tradicionais, e com coreografias próprias.
*No sertão do Nordeste encontrou um colorido especial, associando-se à
música, aos fogos de artifícios e à comida da Região. Como as coreografias eram
indicadas em francês, o povo repetindo certas palavras ou frases levou também à
folclorização das marcações aportuguesadas do francês, o que deu origem ao
matutês, mistura do linguajar matuto com o francês,que caracteriza a maioria
dos passos da quadrilha junina.
Em Sergipe a maioria delas
foram fundadas há cerca de quarenta anos, sendo a Século XX uma das mais
antigas, fundada em 1964.No presente diálogo, trataremos a “Abusados da Roça”,
quadrilha junina, tendo como título tema para o ano de 2013, O“Sentido da Vida”.
A brincadeira surgiu no ano
de 1992, como forma de alegrar o São João, que de forma a contagiar os
brincantes, no ano seguinte efetuaram a sua inscrição na Liga das Quadrilhas.
Marcelia Meneses dos Santos, era a responsável, e contava com 24 pares. Hoje com mais de 50 participantes, dos
dançantes aos produtores.
Temas como Asa Branca e
Cangaceiros, permitiram-lhes conquistar alguns troféus. No ano de 2002, por
falta de recursos financeiros, a presidente se afastou, cedendo lugar para
Edmilson Santos França seu marcador e responsável, (atual Presidente da
Abusados),com essa mudança, ganha o nome de Abusados Da Roça. Todos os anos no
mês de outubro iniciam os ensaios para o ano seguinte, como ocorrem com outras
quadrilhas do Estado.
**O Sentido da Vida: No
sertão nordestino, muitas pessoas buscam responder ao questionamento: Porque
nossa vida é assim tão sofrida? A “geografia” tenta explicar que é devido à
localização e seus terrenos altos que impedem a passagem das frentes frias. No
entanto, neste mesmo lugar, todos os anos lá pelo mês de março surge um alento,
que vira e mexe não ocorre com frequência, o pai de Jesus Cristo roga a seu
filho uma chuva, para este povo tão sofrido poder plantar milho e feijão, como
também aguar o solo e nascer alimentos para o seu já desfalecido gado. Deus,
sendo o pai verdadeiro, atende ao pedido deste Santo que tão bem cuidou de seu
filho e faz com que o verde apareça neste chão árido de vegetal e de
compreensão política.
Chega o mês da colheita e o
povo brasileiro (sertanejo) feliz, vê que a sua vida deve ser de louvação ao
divino e não aos homens públicos (políticos) que fazem dos prejuízos da seca um
trampolim para o poder.Este mesmo brasileiro esquecido e tão justo a Deus e aos
Santos que trataram de pedir paz, a umidificação do solo, chegaà conclusão de
que sua vida só faz sentido ofertando um mês inteiro a estes salvadores de suas
dores e feridas. Oferece-lhes o mês junino, o São João do Povo, para o povo se
sentir lembrado e consagrar com danças, comidas, rezas e crendices o prazer de
viver de modo simples, porém, com uma alegria de unir o seu genuíno amor por
seus valores culturais que lhe dão a certeza de sua brasilidade, nordestina e
sergipanamente essencial.
¹Graduando em História pela Universidade Federal de Sergipe
(Membro do Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Religiosidade/GPCIR/UFS/CNPq)
Pós-graduando
em Ensino para as Igualdades nas Relações Étnico-Raciais
Faculdade
São Luís de França
*GASPAR, Lúcia. Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco, Quadrilha
Junina.
**Alex
Chagas e Edmilson França
Tema
ano 2013, Texto Abusados da Roça, 2012.
FONTES CONSULTADAS: LIMA, Marcos Paulo Carvalho. Quadrilha Junina Como
Patrimônio Cultural Imaterial. Canalr5blog.blogspot.com, 2011 e www.divirta.se.gov.br, disponível em
15 de fevereiro de 2011.
FRANÇA,
Edmilson Santos. Presidente da Abusados da Roça, 2012.