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14 Junho 2010Pesquisa aponta que 46% dos brasileiros leem jornal
Veja texto de Giselle Mourão, do Contas Abertas
Uma pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM) e divulgada nesta semana aponta que 46% dos brasileiros, em um universo de 12 mil entrevistados em todo o país, leem jornal impresso. As revistas são lidas por 35% do público. Dentre os que leem jornais, 30% afirmam que o fazem uma vez por semana, enquanto outros 25% leem todos os dias. Os leitores (42%) ainda elegeram o domingo como o melhor dia da semana para se ler jornal.
O estudo aponta que o maior percentual de leitura se encontra no Sul do país, 54%. O Nordeste é o que apresenta pior índice de leitura dos jornais; apenas 28% dos nordestinos admitem lê-los. Os adultos na faixa etária de 25 a 39 anos são os que costumam mais ler jornal, já 45% dos jovens de 16 a 24 anos preferem ler revistas.
Do público leitor de revista (35%), metade apontou a revista Veja com uma das mais lidas, enquanto 16% dos entrevistados preferem a Época. Revistas de entretenimento como Caras, Contigo e Nova também foram votadas na pesquisa.
O cruzamento de dados do estudo mostrou que grande parte dos entrevistados que costuma ler livros e revistas também lê jornais. Quase a metade, 47% dos entrevistados, costuma ler livros, sendo que 30% leem apenas em finais de semana e 17% cultivam o hábito de leitura diária. Mais da metade afirmou que não leem livros (53%).
A televisão foi apontada como o canal de comunicação mais utilizado pela população brasileira (97%). Os canais de televisão aberta são os mais assistidos (83%). Outros 10% assistem também canais de TV por assinatura. No total, os canais abertos são assistidos por 94% dos entrevistados. Apenas 3% afirmaram que assistem somente os canais por assinatura.
Os telejornais são considerados, em maior proporção, como a programação televisiva mais relevante (65%). A novela foi a segunda programação considerada mais importante, com 16%.
A Rede Globo é o canal de televisão preferido entre os entrevistados, com 70% de indicação dos entrevistados. Já a Rede Record apresentou o segundo percentual de preferência (13%), ficando a frente do SBT, com 5% dos votos. O Jornal Nacional, da Rede Globo, é o telejornal mais assistido do país (56% da preferência). O Jornal da Record aparece em seguida, com 7%.
A confiança na emissora foi apontada como o principal motivo para assistir o Jornal Nacional por 28% dos entrevistados. No caso do Jornal da Record a preferência foi motivada, principalmente, pela identificação com as notícias veiculadas (27%) e pela confiança na emissora (26%).
William Bonner é mais confiável - A dupla de apresentadores do Jornal Nacional lidera o ranking de comunicadores mais confiáveis do país. Para 34% dos entrevistados, William Bonner é o apresentador mais confiável. Outros 18% consideram Fátima Bernardes a apresentadora que se pode mais confiar. Em terceiro lugar encontra-se Boris Casoy, da Rede Bandeirantes, com 4% das indicações.
Bonner também foi destacado como comunicador que auxilia na decisão de opinião ou mudanças de idéia (12%). Contudo, a maioria (85%) dos entrevistados afirma que nenhum comunicador influenciou na formação da opinião ou alguma mudança de ponto de vista.
O rádio também é muito utilizado para se informar (80% dos entrevistados) e, embora tenha um percentual inferior ao da televisão, constitui um índice muito elevado e significativo. Entre os ouvintes de rádio predomina a preferência pela programação musical (69%). O noticiário foi citado por 19% como a programação preferida, seguido do futebol, com 5%. Com isso, se verificou o predomínio de rádios FM (programação predominantemente musical) sobre rádios AM (programação predominantemente jornalística). Rádios FM são ouvidas por 73% dos usuários de rádio, enquanto que rádios AM são ouvidas por apenas 31% dos usuários.
A grande maioria escuta rádio em casa (70%), enquanto outros 21% no carro. Muitos usuários escutam rádio no trabalho (18%), sendo que o mesmo percentual escuta no celular. Rádios comunitárias (12%) e internet, 10%, também foram votadas.
Meios de comunicação modernos - A internet se consolidou como um dos principais responsáveis pela chamada revolução na comunicação mundial. Atualmente, devido ao constante aumento de usuários de computadores em todo o mundo, é considerado um meio de comunicação de massa. Os dados apontam que 46% da população brasileira maior de 16 anos costumam acessar a internet, dos quais 66% possuem acesso em sua própria residência. A banda larga via cabo é o tipo de conexão de 65% dos entrevistados que possuem internet em casa.
O acesso à internet está associado às classes de renda e idade do entrevistado. Entre os entrevistados de renda familiar mais alta - superior a dez salários mínimos mensais - o percentual de acesso à internet é de 80%. Esta proporção cai à medida que diminui a renda, alcançando 23% entre os entrevistados de renda familiar de até dois salários mínimos. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram percentuais mais elevados de acesso à internet, superiores a 45%. O Norte apresentou uma proporção de 39%, e o Nordeste, 37%.
Do público mais jovem - 16 a 24 anos - 69% afirmaram usar a internet, sendo que o lazer é principal motivo para este acesso. Já entre os internautas de idade superior a 40 anos, o trabalho e a busca por informações são os principais motivos de acesso.
Entre os principais serviços oferecidos pela web, destaca-se o site de busca e pesquisa Google, utilizado por 72% dos internautas. Os sites e redes de relacionamento social também são utilizados por parcela expressiva dos internautas brasileiros: 65% freqüentam o Orkut e 65% utilizam a ferramenta de mensagens instantâneas MSN.
Conclusões dos pesquisadores - Os pesquisadores concluíram que a televisão e o rádio se constituem nos meios de comunicação de maior abrangência da população brasileira. Os meios de comunicação impressos são consumidos em menor intensidade, em comparação à televisão e a rádio. O hábito de leitura da população apresentou relação direta com o nível de escolaridade e renda familiar. A internet no Brasil segue a tendência de crescimento mundial no número de usuários.
A internet se constitui no principal meio concorrente à televisão em determinados segmentos. Apesar de esse último ser o veículo de maior abrangência nacional e possuir acesso a todos os segmentos da sociedade, perde espaço à internet junto ao público de escolaridade e renda mais alta, e principalmente junto aos públicos de classe C e mais jovem.
Foi identificado um público de alta predisposição e intensidade de consumo de meios de comunicação. Esse público é formado por um grupo de indivíduos que costuma ler jornal diariamente, ou se não lê jornal diariamente, costuma ler alguma revista. Costuma ouvir rádio e assistir televisão entre uma e duas horas diárias, priorizando a programação de notícias. É internauta e costuma navegar no mínimo nove horas semanais.
Os pesquisadores da Meta Pesquisas de Opinião entrevistaram pessoas com mais de 16 anos residentes em domicílios particulares em todo o território brasileiro, entre homens e mulheres de diferentes renda familiar mensal e escolaridade. A pesquisa foi aplicada em uma amostra de 12 mil domicílios, totalizando a realização de 12 mil entrevistas em 539 municípios em todos os estados do país.
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11 Junho 2010Carta a um amigo petista
Segue texto de Frei Betto *
Meu caro: sua carta me chegou com sabor de velhos tempos, pelo correio, em envelope selado e papel sem pauta, no qual você descreve, em boa caligrafia, a confusão política que o atormenta.
Pressinto quão sofrido é para você ver o seu partido refém de velhas raposas da política brasileira, com o risco de ser definitivamente tragado, como Jonas, pela baleia..., sem a sorte de sair vivo do outro lado.
A política é a arte do improviso e do imprevisto. E como ensina Maquiavel, trafega na esfera do possível. O sábio italiano foi mais longe: eximiu a política de qualquer virtude e livrou-a de preceitos religiosos e princípios éticos. Deslocou-a do conceito tomista de promoção do bem comum para o pragmatismo que rege seus atores - a luta pelo poder.
Você deve ter visto o célebre filme "O anjo azul" (1930), que imortalizou a atriz Marlene Dietrich e foi dirigido por Joseph von Stemberg e baseado no livro de Heinrich Mann, irmão de Thomas Mann. É a história de uma louca paixão, a do severo professor Unrat (Emil Jannings) por Lola-Lola, dançarina de cabaré. Ele tanta aspira ao amor dela, que acaba por submeter-se às mais ridículas e degradantes situações. Torna-se o bobo da corte. Nem a cortesã o respeita. Então, cai em si e procura voltar a ser o que já não é. Em vão.
Me pergunto se o PT voltará, algum dia, a ser fiel a seus princípios e documentos de origem. Hoje, ele luta por governabilidade ou empregabilidade de seus correligionários? É movido pela ânsia de construir um novo Brasil ou pelo projeto de poder? Como o professor de "O anjo azul", a paixão pelo poder não teria lhe turvado a visão?
Você se pergunta em sua carta "onde o socialismo apregoado nos primórdios do PT? Onde os núcleos de base que o legitimavam como autorizado porta-voz dos pobres? Onde o orgulho de não contar, entre seus quadros, com ninguém suspeito de corrupção, maracutaias ou nepotismo?".
Nunca fui filiado a nenhum partido, como você bem sabe e muitos ignoram. É verdade que ajudei a construir o PT, mobilizei Brasil afora as Comunidades Eclesiais de Base e a Pastoral Operária, participei de seus cursos de formação no Instituto Cajamar e de seus anteparos, como a Anampos e o Movimento Fé e Política.
Prefeitos e governadores eleitos pelo PT me acenaram com convites para ocupar cargos voltados às políticas sociais. Tapei os ouvidos ao canto das sereias. Até que Lula, eleito presidente, me convocou para o Fome Zero. Aceitei por se destinar aos mais pobres entre os pobres: os famintos.
O governo que criou o Fome Zero decidiu por sua morte prematura e deu lugar ao Bolsa Família. Trocou-se um programa emancipatório por outro compensatório. Peguei o meu boné e voltei a ser um feliz ING, Indivíduo Não Governamental. Tudo isso narrei em detalhes em dois livros da editora Rocco, "A mosca azul" e "Calendário do Poder".
Amigo, não o aconselho a deixar o PT. Não se muda um país vivendo fora dele. O mesmo vale para igreja ou partido. Há no PT muitos militantes íntegros, fiéis a seus princípios fundadores e dispostos a lutar por uma nova hegemonia na direção do partido.
Ainda que você não engula essas alianças que qualifica de "espúrias", sugiro que prossiga no partido e vote em seus candidatos ou nos candidatos da coligação. Mas exija deles compromissos públicos. Lute, expresse sua opinião, faça o seu protesto, revele sua indignação. Não se sujeite à condição de vaca de presépio ou peça de rebanho.
Se sua consciência o exigir, se insiste, como diz, em preservar sua "coerência ideológica", então busque outro caminho. Nenhum ser humano deve trair a si próprio. Quando o faz, perde o respeito a si mesmo, como o professor de "O anjo azul". Mas lembre-se de que uma esquerda fragmentada só favorece o fortalecimento da direita.
A história não tem donos. Muito menos os processos libertadores. Tem, sim, protagonistas que não se deixam seduzir pelas benesses do inimigo, cooptar por mordomias, corromper-se por dinheiro ou função. Nunca confunda alianças táticas com as estratégicas. Ajude o PT a recuperar sua credibilidade ética e a voltar a ser expressão política dos movimentos sociais que congregam os mais pobres e as bandeiras que exigem reformas estruturais no Brasil.
Lembre-se: para fazer a omelete é preciso quebrar os ovos. Mas não se exige sujar as mãos.
[Autor de "Diário de Fernando - nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter - @freibetto - Copyright 2010 - FREI BETTO - É proibida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato - MHPAL - Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].
* Escritor e assessor de movimentos sociais
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10 Junho 2010Jornalistas Brasileiros no Século 21, visões sobre a profissão
Por Heloiza Golbspan.
Amigos e Colegas,
Finalmente divulgo alguns resultados gerais de minha enquete com 624 jornalistas de todo o Brasil feita em 2009. Desculpem o atraso. O estudo será publicado este ano no livro The Global Journalist, editado pelo veterano pesquisador David Weaver. Aqui vai um resumo de alguns dados que fazem parte do capítulo sobre o Brasil. O conteúdo da pesquisa também será apresentado em Julho de 2010 na conferência da Association for Media and Communication Research - IAMCR – em Braga, Portugal (http://iamcr.org/congress/braga-2010).
A enquete foi enviada por email para 1,000 jornalistas de todo o país, incluindo aqueles que trabalhavam full time em todo o tipo de mídia e em assessorias de imprensa. No total, foram enviados convites para participar da pesquisa a profissionais de 48 jornais, 62 revistas, 8 redes de televisão e radio, 25 portais, 200 assessorias de imprensa e 18 escritórios de imprensa de órgãos do governo em 26 estados. O questionário foi montado com a ajuda de um software chamado Survey Monkey, que também ajuda na análise estatística dos resultados (https://www.surveymonkey.com).
Dados Demográficos
A enquete foi respondida por um número equilibrado de homens (51.7 % ) e mulheres (48.3 %). Entre os que responderam à enquete, quase 40% trabalham em jornais, 12% em televisão, outros 12% em assessorias de imprensa privadas, 11% em publicações online, 8% em revistas, 6.4% em assessorias de comunicação em empresas públicas, 2.4% em agências de notícias e 1.6 % em rádio. No total, 27% trabalham como reporteres, 15.9% como editores, 15.7% como consultores ou assessores, 6.2 %como colunistas, 6% como editores executivos, e 5.6 % como editores-assistentes. Os outros 23.6% foram enquadrados na categoria “outros cargos”, incluindo correspondentes estrangeiros, editorialistas, âncoras e produtores de noticiários. A maioria trabalha full time (80%) e 43.4% produz conteúdo para mais de um veículo de uma mesma empresa. Um número equivalente de homens e mulheres trabalha como editores, mas mais mulheres estão nas redações como reporteres, enquanto mais homens trabalham como reporteres especiais, colunistas, diretores de redação, editorialistas e correspondentes estrangeiros. Há mais mulheres nas assessorias de imprensa, estações de TV e revistas; e mais homens em jornais diários, publicações online e estações de rádio.
Os resultados demográficos mostram que 51 % são casados, têm em média dois filhos e em média 16 anos de experiência profissional. As mulheres predominam entre os solteiros. A idade média dos profissionais é de 39 anos. Os homens tendem a ser um pouco mais velhos (42 anos) e as mulheres, mais jovens (36 anos). Os jornalistas autônomos tendem a ser mais velhos e os que trabalham em empresas online tendem a ser mais jovens. Um terço dos profissionais pesquisados tem curso de pós-graduação, sendo que mais mulheres do que homens estavam estudando quando responderam à pesquisa. Cerca de 20% começaram um curso de pós-graduação, mas desistiram.
Politicamente, 45.8% dos jornalistas se definem como sendo de esquerda (resultado semelhante à minha pesquisa realizada em 1998 com jornalistas de São Paulo) e 36.1% se definem como sendo de centro-esquerda, mas poucos se identificam com algum partido político, ao contrário do que registrei em 1998. Em 2009, 90.4% declararam não apoiar nenhum partido político; só 6.1% apoiam o PT e 3.5 % apoiam o PSDB. A maioria não pertence a organizações profissionais (80.5%) e 38% são filiados à Fenaj.
O que pensam da profissão, do jornalismo e da Internet
Cerca de 43% dos jornalistas estão satisfeitos com a profissão, principalmente os que trabalham em televisão (34.5%), órgãos do governo (31. 3%) e em assessorias (31.2%). Os menos satisfeitos são os profissionais autônomos (28.1%) e os que trabalham em revistas (15%). Somente 10.5% se declaram totalmente insatisfeitos com a profissão. Mais homens ( 24.6 %) do que mulheres (17.9 %) estão satisfeitos profissionalmente. Os níveis de satisfação ou insatisfação profissional estão relacionados à não-obrigatoriedade do diploma de jornalismo, baixos salários, carga horária, oportunidades de crescer na empresa para a qual trabalham, falta de autonomia no trabalho, insegurança em relação ao emprego e interferências da linha editorial da empresa na produção de conteúdo. O uso de novas tecnologias nas redações assustam os mais velhos e são motivo de satisfação profissional para os mais jovens. Um quarto dos que responderam à pesquisa se dizem otimistas sobre a profissão. A eliminação do diploma de jornalismo para atuar na profissão foi apontada como causa direta do pessimismo de 53.3% da amostra. Em relação ao diploma, 58 % é a favor do requerimento, 36.6% é contra e 5.3 % não têm opinião a respeito.
Os jornalistas acreditam que a Internet melhorou a distribuição rápida da informação (98.1%), a participação do público (92.1%), a variedade no noticiário (78.8%) e o acesso às fontes (65.1%). Entretanto, a maioria acha que a Internet diminiu a precisão no noticiário (76%), a credibilidade do noticiário (75.1%), a responsabilidade jornalística (74%), o jornalismo investigativo de qualidade (71.5%), e a qualidade da análise jornalística (62.8%). Além disso, a maioria (79 %) acha que a Internet multiplicou a opinião no jornalismo. Nas questões abertas, os jornalistas manifestaram o que muitos profissionais discutem no mundo inteiro: a Internet aumentou a independência e a democratização da notícia, mas também multiplicou o jornalismo de celebridade (também chamado de infotainment) e o jornalismo de press release. Muitos reclamaram que as empresas de jornalismo online publicam as mesmas noticias em estilos semelhantes para um público que presta pouco atenção ao que acontece no mundo.
No dia a dia, os jornalistas usam a Internet para ler noticias (86.9 %) e lidar com press releases (72%). Dois terços da amostra buscam por nomes, endereços, fontes e informação específica para a produção de notícias e reportagens. Poucos escutam webcasts ou assistem videos online (17.5 %); só 10.5% usam programas de análise de dados como Excel e 9.2% fazem entrevistas por email. Embora muitos dos recursos oferecidos pela Internet ainda são pouco utilizados, os jornalistas entrevistados são fãs da chamada social media: 51.2% mantêm blogs, 67.6% usam Instant Messenger, 65.1% usam programas como Facebook e Orkut e 46.2% estão no Twitter. Um terço da amostra acha que os blogs estão redefinindo as regras do noticiário e quase a metade dos entrevistados acredita que os blogs oferecem mais análise e dão mais furos que a mídia tradicional.
Como em pesquisas anteriores e em sintonia com jornalistas de outros países, os entrevistados acreditam que o papel da mídia é o de investigar e interpretar os fatos , principalmente os que se referem às ações do governo (79%) e aos grandes problemas nacionais (72.2%). A discussão de temas políticos aparece em terceiro lugar, como indicaram 63.4% da amostra; a discussão de grandes problemas internacionais aparece em quarto lugar (54.8%), e a necessidade de motivar os cidadãos a discutirem temas de interesse público aparece em quinto lugar (51.4%).
Dividida em vários segmentos, a enquete investigou ainda a opinião dos jornalistas sobre liberdade de imprensa, ética, censura e outros aspectos. O questionário oferecia diferentes afirmações sobre as quais os jornalistas deveriam indicar se concordavam ou discordavam. As opções que variam de “concordo muito” a “discordo muito” são parte da terminologia universalmente utilizada em enquetes para medir a percepção das pessoas sobre diferentes temas. Só 9.4% dos jornalistas concordou muito com a afirmação de que o jornalismo brasileiro segue as normas éticas e 55.7% concordou um pouco. Em suma, dois terços concordam com a afirmação e aproximadamente um terço discorda. Além disso, 89.5% concordam que existe autocensura nas empresas jornalísticas enquanto 10.5% discordam; 73.6% dos profissionais concordam que o jornalista brasileiro é sensacionalista e 26.4% discordam; 74.1% concordam que o jornalismo brasileiro é superficial e 26% discordam; 74.9% concordam que o jornalismo brasileiro é exercido com responsabilidade e 25.1% discordam; e 46.9% concordam que as empresas jornalísticas são independentes e 53.1% discordam dessa afirmação.
Os dados aqui apresentados são apenas um resumo de uma ampla pesquisa e devem ser analisados em contexto. A enquete foi realizada na segunda metade de 2000 via online, e incluiu questões fechadas de múltipla escolha e questões abertas onde os jornalistas manifestaram sua opinião, seguindo os padrões de pesquisa científica neste campo. Aproveito para agradecer a todos que participaram desta pesquisa e estou à disposição para a produção de análises mais detalhadas, apresentações e debates sobre os resultados.
Heloiza Golbspan Herscovitz, Ph. D
Jornalista e Professora de Jornalismo da California State University de Long Beach
heloiza@journalism