O frango caipira apresenta alguns diferenciais em relação ao frango industrial, criado em sistema de confinamento. Em relação ao manejo, a maior modificação está relacionada ao maior periodo de criação (85 dias) e ao acesso livre a piquetes, onde encontram pasto, sombra e podem exercitar seu comportamento natural. Além disso, a ave caipira se alimenta com ração a base de vegetais, não contendo resíduos de origem animal, nem aditivos e antibióticos. Apesar do maior período de crescimento, o sistema de produção de frango caipira proporciona economia ao produtor, através da redução de uso de ração, em função da possibilidade do aproveitamento de alimentos alternativos, tais como: pastagens, grãos, hortaliças, frutas, raízes e tubérculos, sendo que o processo de criação obedece a legislação preconizada pelo MAPA. Uma ênfase do Programa é o aproveitamento da batata-doce para a nutrição das aves, podendo substituir parcialmente ou totalmente o milho nas rações de frangos ou poedeiras. “A utilização da batata-doce poderá representar uma economia substancial no custo de rações, ao mesmo tempo em que transforma um resíduo sem valor comercial em fontes de proteína de alto valor, tais como: carne de frango e ovos coloniais de excelente qualidade”, informa Zabaleta.
O pesquisador destaca ainda que o manejo na avicultura caipira garante um produto com características diferenciadas, demandado pelos mercados consumidores mais exigentes, como carne com menor teor de gordura, cor amarelada e textura mais firme, realçando o sabor. Além disso, os ovos apresentam cor amarelada intensa.
“Nosso projeto vem dando certo, especialmente quando mostramos que não é difícil para nenhum agricultor familiar criar uma ave neste sistema e que esse tipo de manejo pode agregar renda ao agricultor familiar”, explica Zabaleta. Ele acrescenta que em todas as atividades realizadas com a finalidade de difundir o projeto em outras regiões, são realizados cursos, palestras, dia de campo e acompanhamento das Unidades de Demonstração que aderem ao projeto.
A produtora rural Eni Silva Lopes, trabalha com a venda de carne e ovos derivados do frango caipira no município de São José do Norte - RS. Para ela, a importância do projeto foi além da alimentação da sua família. Eni e o marido, que são os responsáveis pelas aves, ganharam no ano passado cerca de 320 reais por mês com a venda dos produtos. A renda beneficiou não apenas o casal, mas também seus dois filhos, noras e netos. Ela era produtora de cebolas quando descobriu, através da Embrapa Clima Temperado, o trabalho com o frango caipira. Desde então, a produtora dedica-se às aves, de onde vem tirando seu sustento. “Eu indico o projeto a outros agricultores, para que pensem nessa possibilidade e que tenham certeza de que é uma alternativa recompensadora”, informa a agricultora.
Mais esclarecimentos sobre o próximo curso de avicultura caipira podem ser obtidas através do e-mail: clicio.agronomo@gmail.com
João Pedro Zabaleta